"...escrevia e apagava, escrevia e apagava, deparando-me ironicamente com o problema constante da minha vida; a inconstância. [...] queria que viver fosse que nem escrever livros. Queria poder escrever e jogar fora o rascunho quando não gostasse do resultado. [...] Vivi minha vida rodeada de fantasmas arrastando suas correntes pelos meus corredores, me arrastando como correntes pelos seus corredores. [...] Eu berrava por uma dor com sobrenome de prazer. Drama era essência da minha alma adolescente. Eu sentia tudo de maneira densa demais, pois procurava sentir - inconscientemente! [...] - um corpo sem uma voz, uma pessoa sem um reflexo. [...] Sempre gostei de andar de salto agulha na beira do penhasco, saboreando o perigo e sentindo o vento borrar minha maquiagem e bagunçar meus cabelos. Costumava correr na beirada, sabendo que um passo significaria o fim. Corria com uma garrafa de vodca das mais baratas na mão e um cigarro torto e mal aceso entre os dedos amarelos, cambaleando entre a vida e a morte, achando que ali estava a prova de que na vida havia algum sentido. Como cortar para ver o sangue escorrer, como roubar para correr o risco de ser pego, como mentir para driblar os outros, viver à beira do penhasco causava a maior das adrenalinas. Eu fui uma amante fiel do perigo. Nunca escondi os gemidos de prazer que me proporcionava nas profundezas dos meus lençóis. Era tudo tão excitante, era tudo tão ilusório...[...]
Eu aprendi, durante a minha jornada, que a única maneira de sobreviver ao Inferno é continuar passando por ele."
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